23 de fevereiro de 2009

Uno

Volto, de novo, a estas minhas divagações, às voltas com o sentido da vida, do mundo, das emoções. E se estes apuros são, para muitos, mais próprios da adolescência, espero estar a mover-me em espiral. Haverá sempre um ponto de retorno mas, talvez para não sentir a inutilidade de mim, me julgue agora numa oitava acima.

Houve livros que, em tempos de "armário", me deram a conhecer todo um outro plano de vida que, no ocidente, me era completamente desconhecido. Ao voltar a lê-los, tantos anos mais tarde, apercebi-me que era mais a minha imaginação que lhes dava alguma cor. Mas que importa, se me ensinaram a voar?

Fiquei com as sementes das viagens astrais, das auras, das meditações de quem não tem medo de ficar frente a frente consigo próprio...

A civilização ocidental, que convém não esquecer que é a minha, vive no concreto, usando parâmetros físicos para definir tudo, até mesmo o que não o é. No entanto, a realidade concreta, o que vemos, não é senão aquilo que os nossos nervos ópticos transmitem ao cérebro. Assim, da árvore que vejo, só posso afirmar que é a imagem que me é permitido ver.

Com o ingénuo intuito de encontrar coerência entre opostos, tento, humildemente, analisar diferenças entre o material e o imaterial para, depois, os tentar fazer convergir num todo.

As sementes daqueles livros lidos há já tanto tempo foram germinando em mim. A plantinha que cresce agora deixa-me entrever um mundo em que tudo é vivido, e sentido, de outra forma. Mais fluida. Menos cheia de certezas. Comecei a sentir outras realidades que, exactamente por se distanciarem do minúsculo, dão imensa importância à pequena erva que pisam. A folha que cai aos meus pés no Outono e o cometa que passa estão tão ligados entre si como ao que eu sinto, como ao meu corpo, como ao que eu sou.

E se estou triste, alguma lágrima cairá nalgum ponto do Universo.

A minha pequenez, a pequenez de todos nós, é a imensidão desse Universo. Somos sua pertença, como ele é nossa.

Espero respeitá-lo como ele me respeita e que me pemita que a tal plantinha que cresce, se torne um dia árvore que dê flor, flor que alguém possa colher, amar e entender que, em cada pétala, pulsam todos os Universos.