27 de outubro de 2008

Tantos caminhos debaixo do Sol...


Estes nossos actores, como pressagiei, eram todos espíritos e fundiram-se no ar, no ar subtil: e como os fios irreais desta visão, as torres encobertas de nuvens, os palácios magnificentes, os templos solenes, o próprio globo terráqueo, sim, tudo o que ele recebeu se dissolverá. E como este espectáculo etéreo se apagará, não deixando nem um fumo atrás de si. Somos aquela substância de que os sonhos são feitos. William Shakespeare, in "Tempestade".

"Nenhum astrólogo – e também nenhum psicanalista – pode interpretar uma vida e um destino a um nível superior àquele em que ele próprio funciona." Dane Rudhyar.

Eu substituiria “nível superior” por “nível diferente”. Mas, se escolhi a frase acima para introdução desta página, foi para que, ao consultá-la, saibam que todos somos iluminados, que a alma e a mente são unas e que todos temos um manancial de sabedoria imenso. TODOS SOMOS UM E TODOS SOMOS ELE. Só que, como diria uma amiga minha, não sabemos que sabemos. Cada um de nós, ao vir a este plano físico, vem “experienciar” o Divino que É. Se muitas vezes nos sentimos perdidos, que a vida não faz sentido, é porque nos “esquecemos” do Plano Maior de que fazemos parte e que a nossa alma, nesta dimensão, tem o seu papel a cumprir. Somos como actores que se convencem que o papel que representam é real. Acredito que, numa primeira fase, para que experiência seja autêntica, o esquecimento tem de acontecer. E assim o actor que representa Romeu não consegue aceitar a dor que lhe provoca a morte de Julieta. Ele torna-se amargurado, triste, vazio...

A dor é a vida do actor. Ele “esquece-se” que está a representar. Na maior parte das vezes, é quando a dor e o vazio se tornam tão grandes, tão insuportáveis, que o actor se “lembra” que tem de regressar a Casa. Essa “lembrança” foi-lhe trazida pelo sofrimento que ele não entendia. Agora o sofrimento faz sentido porque sem ele, o actor não teria saído do palco. E é a dor imensa que o empurra para o camarim, que o força a tirar as pinturas, as roupagens. No momento em que se olha ao espelho e se vê Ser, sorri e não pode deixar de agradecer ao sofrimento. Sem ele, não sairia do teatro para procurar o Caminho de Regresso. Agora ele já pode voltar todas as noites e vivenciar a dor, seja de perda, de traição, de abandono, porque SABE que, quando voltar a Casa, o esperam a Alegria e o Amor. Se, em termos egóticos, não entendemos muitas das coisas que nos acontecem, a nossa alma, essência (como lhe queiram chamar), sabe que somos nós que acontecemos às coisas. Procuramos as experiências que necessitamos para encontrar o Caminho de Regresso a Casa. Há muitos caminhos e cada um de nós encontrará o seu. Todos eles permitem, através da sua simbologia, trazer a esta dimensão o Divino, e ajudam a entender que estamos num palco e qual o nosso papel. Nenhum destes caminhos é Adivinhação. São, como referi, as formas de que nós, nesta dimensão humana, dispomos para aceder ao Divino em nós. A todos quantos nos procurarem, bem-hajam. Estarão a ajudar-nos a percorrer o nosso Caminho de Regresso.

2 comentários:

Anónimo disse...

Hummm, gosto deste texto... e concordo 100%... Muito Bem!

Namastê disse...

Obrigada! É díficil agradecer a um anónimo, mas esse "hummm" não me é estranho...